O inverno já terá ido embora sem dizer adeus dramaticamente e não dará nem sequer seu último abraço, a frieza faz parte nestes momentos de despedida e costuma ser mais rigoroso do que a estação do tempo.
A primavera chegará quem sabe sorrindo e tão perfumada como as lindas mulheres de alma, já que vivemos procurando, depositando, regando no jardim da confiança os verdadeiros sentimentos. Posso até estar enganado, talvez. Porém, vejo muitas pessoas procurando algo verdadeiro para que se sintam realizados, completos, donos de suas verdades e de seus desejos.
Sinto medo. E não posso dizer, ou melhor, deixar de mencionar que em algum momento da minha vida também já permiti influenciar-me a esta mesma postura, comportamento, vaidade. Somos falhos até mesmo por achar que chegaremos estar certo daquilo que temos o máximo domínio.
Portanto, digo neste momento que me resta um punhado de fé já que as flores nascerão e não existirão limites para tantas cores, certamente presenciaremos euforias, paixões, encantos, renascimentos de antigos amores e consequentemente ouvirão outras boas histórias – ao mesmo tempo, nos encontraremos com as imperfeições da natureza, a instabilidade de sensibilidade, o desequilíbrio habitual de nossas mentes sonhadoras.
Para quando a primavera chegar, eu espero ter um novo roteiro dentro desta caixa nebulosa, solitária, perplexa de rejeições que é a minha cabeça. Certamente, estarei longe de tanta beleza que existe nos jardins e nas flores que vivem pela cidade cinzenta.
Por fim, acalmai quando entrares em desespero e passe a olhar as coisas de outra forma, aproveite que ainda tenho forças sobrenaturais para continuar a escrever sem leitores, sem flores, sem as cores mágicas da bondade. Agora é tarde ou cedo demais para viver neste anseio de amor próprio que retornará quem sabe quando a primavera chegar.
Mais uma leitora… (embora disse sem leitor no texto).
Gostei e vou ler mais seus textos.