Cronometrado. Quinze minutos. Escrevo trechos em pequenos intervalos. O trabalho é agonizante. A rotina de todos nós torna-se um inevitável calabouço. Interrupção de pensamentos. Organizar. Planejar. Executar. Verbos que jogam-me a realidade de grandes incertezas – em algum momento já me disseram que a minha escrita não é para todos – o ruído literário. Treze minutos. Cadê as janelas deste ambiente cinza que consome a minha vida? Cadê as cores que eu vejo pelas ruas? Compreendo. Aqui vejo apenas os valores, talvez uma certa crueldade necessária, não importa. São valores e ponto. Onze minutos. Aperto a tecla “enter” do teclado. Pulo linhas, telas e foco minha visão em algo importante. O meu estômago ronca e ecoa o vazio gástrico. Muitos vazios me perseguem. Dez minutos. Ainda não consegui parar o tempo, infelizmente. Lá fora, as nuvens devem dançar sob aquele plano de fundo azul ou cinza. Sete minutos – não há escapatória, fuga. Cinco minutos. Quatro minutos e aquela tecla “pause” que tanto desejamos. Dois minutos… Ainda sinto diversos aromas. Doces… Um minuto. O que me resta agora? Resta-me alguns míseros segundos, enquanto a sinergia dos meus pensamentos e espaço brincam com este emaranhado e sublime esquecimento chamado “fim”.