Foi inesperada e ao mesmo tempo rápida a despedida, não houve lágrimas mas tive aquela terrível sensação de ausência, entre um desapego momentâneo enquanto passava aquelas páginas numeradas. Eu caminhava pela rua quando este súbito pensamento surgiu e, do céu, gotas começaram a cair, então antes de qualquer outra reação que pudera tomar, num piscar de olhos… uma gota cai próximo ao número. Fico puto. Fecho o livro.
Em seguida, tento esquecer o meu carinho pelo livro e resolvo não dar tanta importância para aquela gota desgraçada. A chuva diminui mas ainda está longe de dar trégua, o vento aumenta enquanto chego próximo de casa. Um homem faz um cumprimento erguendo o braço, balançando a cabeça e na sequência repito o gesto usando o meu braço esquerdo, aperto o passo, estou a salvo e o livro também.
Recordo de uma fase inocente algo comparado talvez a infância mas não era apenas algumas daquelas impressões. Aquelas que direto e reto sempre passam por nossas mentes perturbadoras – nunca desejamos aceitar nossas fraquezas.
Imagem: Alexandra de Morares (https://www.behance.net/alexandrafolio)