Olha lá no alto da ladeira a casa da Dona Maria, Antônia, Conceição. Olha lá no fundo do quintal o terreiro da Dona Benta, Teresinha, Mãe de Ogum, Xangô ou Oxalá. Olha lá, o menino que cresceu e virou homem sendo banhado com as folhas de arruda, alfazema, dente de leão, sálvia e guiné. O menino de corpo fechado e abençoado pelas graças do Senhor do Bonfim que caminha tranquilamente pelas ruas que hoje é asfaltada, modernizada dos bairros ao centro.
A cidade grande cercada de edifícios, histórias e tradições que sustentam as nossas trajetórias. Os diversos encantos e cantos que balançaram o chão batido de terra, a fé que não se apaga, as velas invocam luz e proteção. Hoje está tudo tão mudado, não vejo mais as benzedeiras no bairro, não vejo crianças correndo descalço atrás de pipas, da bola, jogando pião ou bolinha de gude e gritando no portão. Cadê as crianças de antigamente? Cadê as nossas mães rezadeiras?
Veja o tamanho da minha saudade, a época que eu enxergava com os olhos de uma criança. Ah! Meu Deus, falta-me palavras para transmitir esta saudade que habita dentro de mim. Esse mesmo tempo nem se preocupou em saber ou esperar para ver quanto espaço eu teria para armazenar todas essas recordações.
Restam-me palavras de agradecimentos as mães de mãos abençoadas, as senhoras que dedicaram suas vidas em prol do próximo com zelo e amor. Essas lindas mamães de alma e coração, generosas e formosas que através de suas rezas trouxeram com fé a paz e conforto.
A benção mamães que fizeram tudo parecer mais tranquilo enquanto vivíamos atarefados com o cotidiano turbulento e cinza, fazendo a nossa vida fluir entre fronteiras de vitórias e derrotas com paz e amor.
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