Já dizia a minha Avó: “Acorde meu filho, não leve sua vida tão a sério”. Certamente, acredito que ela não tenha sido a primeira pessoa que chegou a pensar na vida neste sentido. Ainda mais, eu sabendo que meus avós maternos morreram novos, antes dos oitenta anos. Comparado aos atuais vovós, creio que eles faleceram bem prematuros e cheios de sonhos, mesmo com todos os problemas de saúde que acabaram surgindo.
Recordo-me muito bem da minha vó materna e de algumas coisas que ela falava enquanto estava sentada em frente a sua máquina de costura cantarolando. Lembro-me das fogueiras que eram feitas nas festas juninas pelo quintal, como também de todos os mimos que me acompanharam juntamente com os pequenos e breves ensinamentos. Após o falecimento da minha avó com o tempo foi surgindo automaticamente outras avós adotivas, aquelas de coração enorme que durante esses meus vinte e oito anos vieram acrescentando algo em minha vida e digo: “Já vi muitos velhinhos sangue bons”, aqueles que põem a chapa para esquentar realmente.
Contudo, o tempo passou e rápido demais. Alguns desses outros avós adotivos que a vida nos proporciona já se foram, outros ainda irão de surgir para que eu/nós nos recordamos daqueles que por um pequeno espaço de tempo souberam nos fazer sorrir ou até mesmo concordar com a opinião deles sobre o mundo. Já que tudo é permitido falar nessa tal terceira idade e olha lá se houvesse a quarta, já pensou o que eles poderiam fazer com o mundo. Ainda não?
Então, pense. Você poderia ter avós roqueiros, rapper’s, andando de cabelos coloridos e quebrando qualquer regra que o mundo impõem. Iria acabar o famoso sentimento de repressão com nós mesmos e nada de ficar policiando palavras, pensamentos, comportamentos. Nada de ficar se justificando ou defendendo que isso ou aquilo é errado, iríamos aprender a viver ou a reviver.
Sendo assim, tão certo como o destino que é realmente implacável para cada um de nós, assim como cada morte tem um motivo, uma desculpa pela qual deixaremos o nosso corpo aqui na terra é a certeza que realmente não vale apena carregar um fardo tão pesado que às vezes possa ser que é a preciosa vida. E já sei que muitos como eu ainda estão aprendendo a deixar a vida seguir o seu fluxo, permitindo que ela seja livre assim como também desejamos.
Afinal de contas, já imaginou como você vai querer ser quando chegar a sua vez na terceira idade? Já imaginou como você vai se portar diante daquelas futuras crianças, adolescentes e adultos que dirão que você perdeu o seu controle de sanidade? Já pensou? – Pensou em quantos netos adotivos você fará sorrir e os “insanos” conselhos que serão dados a eles? – Ainda não né?
Então, espero que você pense com calma antes de recomeçar a levar a vida tão a sério e deixar de viver uma vida old style.