A cidade é a minha eterna prisão mesmo eu vivendo livre a andar por qualquer canto.
Meu corpo é só corpo de pele e osso.
A cidade é só cidade de aço e concreto.
Guardo-me entre as realidades desta longa ou breve caminhada.
Por este solo que já foi de terra batida.
Neste mesmo solo que já desejei ser rei.
Mesmo vendo o asfalto ser banhado de sangue, chuva, sol e suor.
Já vi também ser banhado de fúria e também de amor.
Por histórias de vitórias e derrotas como talvez qualquer outro inquilino.
Nesta cidade declaramos o nosso afeto.
Morreremos tolos por batalharmos tanto por um teto.
Credo. Um credo. O desgosto é um martírio.
A tecnologia proporcionou enormes edifícios.
A ignorância permitiu sermos considerados como um bicho.
Somos todos loucos e se não somos loucos somos viciados.
Por cima ou por baixo dos viadutos.
Por drogas, por prostitutas.
Por dinheiro, por individualismo.
Por religião, por pecado.
Por sexo que é só sexo.
Somos a unificação deste legado humano que nos foi deixado por ancestrais.
Somos conectados as energias positivas e negativas.
Somos o reflexo de nossos corpos solitários ou não, porém caminhamos as vezes sem destino.
Sem dono, sem objetivos, já que somos a unificação de tudo isso que está ao nosso redor.
*Foto de Beatriz F. Valencia – http://bfvalencia.tumblr.com/