Talvez um erro. Achar que estou errado ao invés de acreditar que estou certo. Pode até parecer despretensioso de minha parte, mas acho que não chega a ser tanto – e será isto talvez um erro?
Será que é um erro não aceitarmos o modo de vida, a rotina que levamos? Será que todas as pessoas vivem frustradas? Será que muitas já estão mortas emocionalmente? – isso me vez recordar de uma “entrevistadora”, que durante um processo de seleção afirmou que nunca em toda a sua vida chegou a viver frustrada com algo. Sendo assim, fui obrigado por um instinto ou por um pensamento automático a imaginar como era ter uma vida sem esse sentimento, viver sem a frustração. Impossível.
Nisto, havia percebido em seu olhar e no tom da sua voz algumas gotas de superioridade, palavras que sobressaiam através da sua boca marcada por um batom vermelho de tom forte. Expressivo. Refletindo não só a imagem, mas sim aquilo que ela acabará de dizer diante todas as outras pessoas que estavam sentindo o mesmo desgosto em ter que olhar e ouvir palavras fúteis, palavras que não faria talvez diferença nenhuma naquele momento, já que havia outras pessoas ainda alimentando sonhos e perspectivas.
Confesso e espero rever essa “entrevistadora”, ou melhor, quem sabe essas palavras a encontre quando a mesma estiver vivendo sua primeira frustração. Porém, isto certamente possa ser talvez um erro de minha parte, aguardar e contemplar um reencontro por maior que seja a minha simplicidade já que não existe cura para algumas pessoas, não existe a famosa segunda chance. Sendo assim, não me venha dizer que não é bem assim que funcionam as coisas, e que logo em seguida irá me apontar à existência de um Deus implacável, tão justo que diante de seus olhos nada passa despercebido, ao menos que tenha um propósito. Então, talvez seja um erro, depositar todas as nossas crenças em algo que é tão inexplicável, um sentimento que vá além das minhas forças por causa de um propósito – talvez um erro achar que a minha fé abandonou-me enquanto eu estava preocupado com a razão e por este motivo cheguei a deixar a emoção por algum tempo sem afeto. Certamente, será mais um erro entre todos tornar-me religioso e ao mesmo tempo talvez eu não esteja errado em pensar desta forma já que não existe explicação para a fé e a religião, sendo que ambos sempre andaram de mãos dadas em destino a cidade chamada mistério.
Portanto, talvez seja um erro grotesco meu e oportunista roubar o seu tempo, a sua atenção para explicar o que seria diante dos meus olhos um erro e não parar de falar para ouvir os seus erros. Entenderam?
Perdoa-me. Pela ausência de palavras neste contexto de possíveis acertos e diga-me que estou perdoado. Mas por favor, antes disso feche seus olhos e respire com calma, sinta a liberdade como se estivesse em frente ao mar antes de abrir eles novamente e ver o auto-reconhecimento que possa existir dentro de nós. Isto é belo, tão belo que a beleza também se tornou inexplicável, já que somos cegos limitados por não reparar o que seria por ventura talvez um erro.