Pensei em me jogar, mas antes preferi tocar-te e ver a sua pureza, o seu brilho e a sua temperatura. Por alguns instantes imaginei estar tocando em minhas próprias lágrimas, mas optei-me por apenas observar. Aprendi que ao observar evoluímos o modo de ver o mundo e as coisas, sinceramente confesso que isso me ajudou a não afogar a minha esperança, as minhas palavras e o meu sentimento. Certamente pode achar-me um louco por escrever sobre sentimentos, falar de amor como muitos poetas e escritores antes de mim já fizeram. Eles descreveram suas vidas sobre enigmas, sorriram entre versos egocêntricos e se banharam nas águas da sabedoria. Mas calma, observe.
O meu reflexo, o meu medo de não ter mais tempo. O tempo implacável é tão forte como o dizer adeus e veja a riqueza que existe em admirar o enigmático, o oculto que possa existir ao fundo dessas águas. Olhai-me a recordar de quando era criança e ficava olhando para o céu junto ao mar e como achava incrível algo ser tão infinito.
E sentia inveja, pois a vida não era assim tão eterna. Pois conheci a morte aos oito anos e creio que neste exato momento aprendi o que era inveja, espero não estar enganado, já que não me recordo de ter conhecido a morte aos seis anos. Nesta idade, aprendi o que era separação, o divórcio. Provavelmente, nessa época também conheci o mar e lembro-me disso vagamente junto com o medo de ser levado pelas ondas grudado aos braços de minha mãe e o frio que nos rodeava.
O tempo que não se limita, não é cordial em aguardar os nossos sonhos. Nem chega a nos promover um segundo ou minuto de acréscimo neste momento. A imensidão da natureza, de nossos corações, o berço das ilusões e os sonhos que vivemos. Retira-me do labirinto das recordações, pois estou de braços abertos para viver um novo dia.
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