Lá fora ainda chove
As pessoas não se comovem
Os olhares já estão distantes
Inclusive o meu quando olho para o horizonte.
Lá fora ainda chove
E as pessoas não querem mais andar na chuva
Os seus pontos de vista inverteram-se
Mas não ainda o meu.
Se lá fora ainda chove
Não temos mais segurança
Os nossos olhos buscam outros olhares
Inclusive eu quando ando olhando para o céu.
Se lá fora ainda chove
Recordo-me de brincar na chuva
O diamante era o meu olhar de criança
Lapidado para ver esperança.
Ainda chove
E já vi está água matar a sede de muita gente
Lavar os olhos de quem já esteve cego
Pela sujeira, ambição, egoísmo e ilusão.
Mas ainda chove
Para lavar a alma e pedir perdão
Aliviar as dores que já trouxeram a solidão
Já que só olhamos a nossa própria imagem em frente ao espelho.
Um dia de chuva
Para ver além do horizonte
Se encontrar em palavras simples
E deixar-me brincar com as nuvens para não contar histórias tristes.