As noites em claro que me acompanha para um universo sem explicação, os meus sentidos estão cada vez mais desajustados, julgados pelas olheiras, o rosto abatido e a pele parda. Nada mais está sob controle, nada mais faz sentido.
Já está tão estranho que não permito que me vejam como as outras pessoas e, não existe normalidade nem quando estou presente entre os raios do sol. O tom cinza não é erótico, as minhas fantasias são reais como ter o prazer de cultuar a sua nudez entre os lençóis, ter os seus seios sob o calor de minhas mãos. Em minha boca, ter apenas a vontade de beijá-la por inteira.
Antes que eu retorne a ver a minha modelo ir embora para mais uma longa viagem a procura de se expor em meio aos flashes, as personalidades atraentes e aquelas vinte uma gramas que havia em seu quarto. O vício que expelia do seu suor, o sexo que nos une perante o seu outdoor, as marcas de batom em minha camisa, a sua calcinha rasgada, selvagem nos tornamos desde as escadas, na cama deixamos cicatrizes e olhares vibrantes.
Desta vez não paramos para ver o nascer do dia, não nos importamos com o que havia além do horizonte. Deixamos apenas o som no seu devido volume, as taças, o champanhe e nossas roupas jogadas. O misticismo que nos cercava ao ver o seu passaporte para Milão que me carimbava a dizer adeus antes da hora.
Suas malas já estavam prontas, como também a sua programação para ir a Roma, além de tantos outros lugares. Então o que me resta até a sua volta?
Diga-me. Por favor, enquanto caminho até a porta com vinte um grama em meus bolsos, vinte um grama ao nascer e vinte um grama ao morrer.
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