Lá estava ele junto ao seu corpo sentindo a sua pele macia, o seu perfume. Ele tinha o poder te tornar-la tão atraente quanto o clima frio, gelado como o olhar que você deixa transparecer perante à mim. Mas, a meu ver estava sendo julgado por algum erro ou discussão que não tenha percebido, sem sentido.
E assim, tudo tomava uma forma geométrica, nebulosa e densa a onde me colocava em uma atmosfera totalmente diferente da sua, fazendo que cada atitude gerasse um confronto psicológico em meio as recordações.
A distância que existia raramente entre nossos corpos agora era algo constante, a ausência não era mais nenhum incomodo nenhum desrespeito ao juramento que fizemos de sempre permanecermos unidos. O tempo se tornou um inimigo e com isso não demorou para que eu percebesse as marcas que via translúcidas em seu pescoço próximo a sua nuca.
Confesso. Não tive nenhuma mais reação, motivo para acreditar em qualquer outra palavra que saísse da sua boca, apenas restava-me tempo para imaginar o que você estava fazendo e com quem estava ou por onde andava – queria ter a certeza que não se tratava de ciúmes e sim, aceitar de uma vez por todas que o fim existia. Assim como o mesmo fim do nosso juramento sobre a eternidade que poderia existir entre os nossos corpos, todo este sentimento agora é vazio, ramificado, distorcido.
E lá estava eu jogado à solidão de pensamentos em nosso quarto, era inverno e você estava em um novo emprego, nossos horários estavam totalmente descontrolados, não nós víamos, tudo se tornou obrigação, brigas. O seu trabalho passou a exigir talvez comprometimento, a mesma cobrança que eu estava deixando de ter por ti.
Ao termino, você retornava para casa rápido, exausta e me ligava para avisar que estava tudo bem contigo. No telefone, a sua voz era ofegante fazendo com que eu conseguisse escutar seus passos firmes de confronto ao solo com destino à estação de metrô. Confuso era os nossos sentimentos, as nossas tentativas, a nossa esperança.
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1984 Palavras 