Retrato impróprio…
Não consigo me olhar no espelho. Confesso que não existe nenhuma sensação de medo, covardia ou algo que possa classificar a minha fraqueza ou vergonha.
Recordo-me facilmente dos momentos que me excitava com a vaidade, à beleza de certa maneira encanta aos olhos, iluminava aquilo que era obscuro como a velhice.
O passar do tempo é assustador, doloroso, um clico de arrependimentos. A experiência da vida é enterrada contigo, pois o ensinamento adquirido não serviu para nada. Simplesmente nada.
Pensar no nada é algo tão complexo, é como não ter a noção de que estamos perdendo quando achamos que estamos ganhando. A vitória nem sempre é prazerosa, amiga.
O fator conquistar é regado por suor e sangue, pois nunca vi ninguém vencer sem estar acompanhado por essas enigmáticas reações. Não posso esquecer-me da palavra estratégia, a arte da sabedoria como num jogo de xadrez. E nisso, observo ao caminhar pela praça senhores concentrados em seus jogos, nas suas histórias, em outros tempos.
Tudo está mudando e ainda estou convivendo ao apego intolerante de certas coisas. A vida levada a sério, como estar de frente ao tribunal e aguardando para ser julgado. Necessito de um novo capítulo, uma nova chance, outra estória de vida se é que conseguem me entender – Cadê o escritor de 1984 palavras?
Aquele miserável, pressuroso e até egoísta por não compartilhar aquilo que eu quero saber, sentir em meu paladar. Desejo a ele… Não consigo pensar em nada ruim, estou com o meu coração liberto de mágoas após ler algumas de suas palavras. Cadê o escritor? Cadê?
Diga-me que ele irá vir me visitar e quero olhar em seus olhos e ver novamente a sinceridade que me salvo ou transpareceu em meu consciente.
Acenda-me uma vela. Feche os olhos. Procura-me a onde não haja mais espaço para futuras contradições.
Guarda-me com carinho entre páginas amarelas, mofadas como aquelas cartas que relataram saudade, os álbuns e suas recordações medíocres – perdoa-me.