O silêncio da madrugada me faz companhia, em alguns momentos ela é perturbada por um grito repentino ou quando o telefone toca. Às vezes, tenho a impressão que não sinto o lado direito do meu rosto, sinto medo e percebo que o meu batimento cardíaco acelera. Sente pressa por algo.
Gostaria de desligar e acender o interruptor da lâmpada, mas atento-me em olhar para algo além dessas paredes brancas. Já que atualmente vivo no mundo noturno como coruja sob a colina, e eis aqui minha neblina de pensamentos delirantes.
Cercado por todo tipo de louco, psicóticos, trancados em suas celas de ilusões. Amantes constantes por suas maiores paixões, infiéis e traidores de si mesmos.
Me pego a dizer que estou bem e logo em seguida falar que a doença está no modo em que olham para os nossos corpos aglomerados, opacos.
De fé que nos torna, pois quando temos nossa liberdade provisória pelos jardins, pátios, cantos cronometrados escuto tantas histórias, revoltas de verdade que não são mencionadas. Lembranças de uma vida agarrado pelo tempo.
O relógio da sala de espera não tem mais o cuco. Então, entendo que até ele está preso e não tem boas histórias a contar. Pois, vivemos a onde os normais não são convidados e os escritores, poetas, velhos letristas, românticos das palavras são jogados.
Intercalados. A viver no manicômio do saber e entender que nos tornamos loucos para confundir os sábios.