Dia dos Pais

Ao Sr. José…

Ao Zequinha e também ao Sr. Oscar.

Sujeitos homens, trabalhadores natos e que em suas veias corre o sangue de escravos.

Negros, guerreiros, com olhar sincero e uma simpatia fenomenal.

Pais. Incontroláveis por tentar ensinar tudo que sabe.

Maduros. Pela idade, pelo tempo e até pelo destino da vida.

Sem massagem. Já é natural sempre ouvir a também palavra usada – “Tá embaçado rapaz”.

As suas gírias já conheço como também o seu modo de falar, andar, olhar e gesticular. Mas não conheço os seus gostos. Tudo parece até peculiar, mas vai seguindo o meu gingar.

Sou fruto, sou filho…

Nasci ouvindo os batuques do samba, o gingado de gente bamba. Nasci com as primeiras palavras “mamãe sem papai“.

Nasci absorvendo, observando…

Que todo mundo morre pelos seus sonhos. E se não morre, deixa o vento soprar sem destino.

Mas acho que nunca deixou cair uma gota dos seus olhos, pois nunca te vi chorar.

Separações, desilusões que marcaram nossas vidas.

Pai, cadê no nosso olhar a magia? A emoção?

Sei lá, e nem vou ficar de questionar o coração.

Pois o tempo já tratou de resolver tudo…

A nós só interessa o futuro, sem pressa, sem ansiedade.

Nada de cair nos braços da vaidade.

Já que no final do arco-íris o verdadeiro pote de ouro é a felicidade.

Sendo assim, tá bom meu pai. Já te perdoei.

Mas ainda não vou conseguir escrever palavras doces de amor, entre um filho e um pai sendo que isso ambos não conhecemos. O afeto.

Enquanto isso, um minuto de silêncio.

Feliz dia dos Pais.

Ao Sr. José…

Ao Zequinha e também ao Sr. Oscar.

Meu pai.