Páginas Vazias

Suas páginas não são vazias, mas a sua alma não se comoveu, não sentiu.

Os seus ouvidos, não tiveram a sensibilidade, não prestaram atenção.

Já os seus olhos, olharam…

Todos os cantos, todos os insanos, fulanos e sicranos. Fugiu.

Fugiram…

Para algum lugar, para a onde achamos que devemos estar. Sei lá.

Mas estávamos presentes, doentes, carentes e até crentes que existiria a última viajem, além daquela mensagem.

Pois as mãos estavam dadas, as palavras guardadas e silenciadas, ocultadas. Sem manifesto, sem o mesmo dialeto.

 

– Cadê agora os seus netos prediletos?

– Não sabe?

– Não lembra?

 

Se contenha. Para não deixar cair nenhuma lágrima neste momento, para não relembrar todos os sofrimentos. Pois já se foram também os bons momentos, as grandes risadas, os olhares cheios de graça e até aqueles tempos de safada. – Piada?

 

– Então sorria. Não me esconda a sua timidez, não me iluda e sim, seja profunda em seus veraneios, volúvel que seja. Certezas e reviravolta…

Apenas olhe novamente e veja tudo que está a sua volta e desta vez que não esqueça já que estamos certos que você vive apenas nesta gaiola de rodas, sentada e acompanhada por alguém que não possamos ver sentir, escutar e ver. Mas você sim poderá fazer tudo isso que não podemos. Existe outro mundo.

Aquela famosa fronteira entre o céu e o inferno, a reencarnação dos fiéis pacientes, apegados com o mundo físico, seja ele assim infinito.

Os anos se passaram rápidos e impacientes, chegou o tempo em que a tal árvore não dá mais os seus devidos frutos – Entendeu? Não?

Lembrarei de ti desta forma, pois assim os seus familiares ao ler o meu texto não se sentiram incapazes, com os seus corações repletos de remorso, compunção.

Lágrimas, saudades…

Despedida solene e sim. Já sei…

 

Suas páginas não são vazias, mas a sua alma não se comoveu, não sentiu.