Em Estado

Escuto a sua voz, mas não te vejo.

Sinto o seu perfume, mas não posso te abraçar.

Percebo a sua mão sobre as minhas, mas não posso te tocar.

 

Escuto vários passos, gemidos, implorações.

Percebo que nesses momentos a dor se torna companhia, instiga.

Castiga, traz no rosto as lágrimas do sofrimento.

 

No meu leito é tudo sem cor, trágico.

Ao meu lado narradores de arrependimentos, mágicos da sobrevivência.

Dramáticos, melancólicos, românticos, suicidas.

 

Neste universo existem almas perdidas que gritam por descanso.

Liberdade, manifestações de retorno, vagando pelos cantos.

Perturbadores de sonhos, andarilhos noturnos, ruídos.

 

Sinto você me visitar quase todos os dias, horário marcado.

O aroma das suas flores, junto aos outros odores.

Os seus olhos brilhantes me idolatram, mas não sou santo.

 

Estou entre os pacificadores, anjos vestido de branco.

Mas aqui não é o céu, então estou enganado que exista neste inferno algum anjo.

Cantos, louvores, muitos adoradores procurando esquecer ou cicatrizar alguma coisa.

 

Crucifixos, terços, velas e orações.

Invocações de luz e a eterna guerra entre o bem e o mal.

Todos já condenados.

 

Enfim, por mim não sei por quanto tempo continuará tudo assim…

Convivo com o silêncio, pois não falo.

Convivo com a escuridão, pois não abro os olhos.

Convivo em coma e este é o meu universo.

 

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