As ondas do mar vêm ao meu encontro, tenho em alguns momentos a impressão que o céu chega a se unir com o mar, mas lá no horizonte você não está. Caminhei pela areia, olhei durante o luar todas as estrelas, mas com elas eu já não falo mais, não me encanta como antes, não esconde secretos. Apenas se tornaram pelo meu ponto de vista, como lantejoulas, simples, humildes, brilhando pouco. Observo os pássaros voando sobre a minha cabeça, sem rumo, destino, compasso, e me esforço para não entrar em nenhum colapso. Além deles, tem está paisagem calorosa, semi nua, com vários aromas, gritos, sinfonias, mas não é nenhuma orquestra sinfônica, o maestro da vida sou eu, mas não obtenho controle sobre este puro sentimento, instrumento do desespero. Sendo assim, prefiro ser o diretor do drama, ilusionista da fama, que convive entre longas noites solitárias e pessoas de pouca fé, saqueadores, prostitutas, bêbados, lobos, cordeiros e prefiro assim, quero pensar que sou apenas mais um neste mundo inteiro.
Infelizmente, penso constantemente na minha morte, repenso, imagino, a minha despedida, as pessoas que gostariam de estar presentes, as que por algum motivo não irão ao meu funeral, qual será a última coisa que vou fazer. Sentirei muita dor, se voltarei a esse mundo, se poderei escrever sobre a minha ida, se sentirão saudades…
Enfim, calma! É apenas a morte, a companheira dos rancorosos, que não aprenderam a perdoar, a amiga verdadeira dos otimistas que não acreditam que terá um fim, a irmã da agonia, a esposa do silêncio, a amante da insensatez que te apunhala pelas costas.
Linda flores, sejam elas de todas as cores, pois realmente o que importa é que são flores, alguns homens não pensam desta forma, são arcanjos que procuram separar as coisas por cores, valores, perfumes, olhares tímidos. Percussionistas, ritmistas do desejo, quem me dera permitir fazer os meus três últimos pedidos, um novo dia, outro dia e certamente pedirei, por mais um dia na praia…